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Edição n° 2 – CONFISSÃO – (por Odair Bruzos)

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São Paulo, terra do meu berço!

Traguei ar pela primeira vez no espigão da Paulista:

22 de outubro, Nove de Julho.

São Paulo, terra dos meus primeiros passos!

Titubeantes, hesitantes, exitosos.

E saí pelas tuas entranhas.

São Paulo, terra da minha infância!

Onde comi tijolo (literalmente; há muito não gosto mais…acho);

onde voei de carrinhos de rolimã para o teu asfalto.

Um merthiolate (naquele tempo ardia…pra caramba!), alguns assopros (se fossem da minha Mãe, melhor, ainda) e um mercurocromo depois, lá ia eu novamente…

São Paulo, terra das minhas espinhas!

Onde senti as primeiras coisas estranhas,

algos em mim que não conhecia, não controlava, não entendia.

Onde disputei os catecismos do Carlos Zéfiro (Este é novo! E a roda de espinhentos se fechava, sem som…).

São Paulo, terra das minhas primeiras namoradas!

A maioria delas nem sabe que o foram.

São Paulo, terra do meu trabalho!

“Vambora, vambora; tá na hora”.

São Paulo, terra da minha boêmia (mas é melhor “boemííía”).

Quantas vezes nem me lembrava de como saira da tua Rua da Praia e fora parar na minha cama.  Mas que vivera muito na Joaquim Eugênio de Lima, disso me lembrava.

São Paulo, terra da minha Vida!

Ainda sinto o cheiro do café de um Café da Líbero Badaró.

Inda sinto nas mãos o sanduba de lombo do Itamarati, o chopp do Olimpo…digo: do Bar Brahma.  Tá bom: do Ponto Chic e do Bar do Léo também eram divinos.

Inda me assusto com o apagar das luzes, no fechamento diário da Saraiva da José Bonifácio, comigo, sozinho, perdido em suas estantes, em busca daquele livro.

Inda sinto a falta de fôlego do início dos 80, fugindo dos cavalos da PM (não me lembro se era a fundação do PT, ou as “Diretas Já!”)

Inda me lembro dos corredores da minha São Francisco, do dia em que sequestrei seu elevador, em protesto contra não me lembro o quê…

Eu me lembro do tanto que vivi em ti.

E em primeiro de junho de 1988, eu te deixei…

São Paulo, comoção da minha Vida!

São Paulo, moras no meu coração!

São Paulo, São Paulo,

Eu amo São Sebastião!

A rima é pobre,

mas a alma é longa.

(Por Odair Bruzos, cidadão sebastianense, conforme o Decreto Legislativo da Câmara Municipal de São Sebastião  nº 8/2004, bem como conforme o bater de seu coração.  Mesmo quando este parar de bater, seu eco perdurará para sempre, numa toada: “eu amo São Sebastião…eu amo São Sebastião…eu amo São Sebastião…”)


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